No desembaraço das rimas aconchega-se
o sol onde o calor era abraço sincero. Era o som do roçar das taças que se
exaltava a festividade, deixando a alegria marcada de vermelho em forma de
lábios no cristal. Era o som dos cantares nas tabernas que derramavam notas de
cheiro a vinho maduro. Eram as brincadeiras das crianças no recreio da escola.
Os operários na hora de almoço. Era o tudo que cantava a vida enquanto no campo
se apanhava o sustento. Eram as famílias inteiras junto com as outras famílias
e ainda quem viesse. Eram os caminhos dos animais férteis e das árvores, e dos
rios e do mar. Era a cidade em poema, declamada por poetas. Era o fado, as
toiradas e as sardinhas assadas. Era a Lezíria, os cavalos e as vinhas. Era o
Douro a escorregar na garganta, puro. Eram tempos onde o relógio esperava a
festa e deixava a hora da lua para mais tarde, enquanto se sentia alegria, enquanto
se sentia o sol, até este adormecer.
Como vão os poetas cantar os dias
de hoje?
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