domingo, 27 de janeiro de 2013

No recanto da tarde





Hoje saí dos lábios da chuva e fiz-me rosa desfolhada ao vento
Prendeu-me a alma o cheiro da terra molhada que me humedeceu o olhar
É no recanto desta tarde cinzenta que me elevo aos sonhos
Carregando comigo esta vontade de me ausentar de tudo

Da boca nascem notas quase surdas que encantam o silêncio
Enquanto os braços aconchegam as horas que correm para a noite

O pensamento regressa do livro no desfolhar de cada página
E pára na sombra do domingo que se agiganta para uma nova semana

Uma tarde calma em contraste ao agreste da vida lá fora
E ao carrego da responsabilidade de viver dentro de nós

Da janela vejo o rio espalhar-se no mar e fazer-lhe tranças brancas
Que crescem e se desmancham em cada onda


A chuva vai beijando devagar o vento espalhando a serenidade nas marés





2 comentários:

José Manuel Brazão disse...

E no recanto da tarde sinto a serenidade, que o teu poema me provocou!
Mais uma pérola poética!
Beijoo do ZÉ

Vanda Paz disse...

Beijo Zé

Obrigada