sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Outros tempos






No desembaraço das rimas aconchega-se o sol onde o calor era abraço sincero. Era o som do roçar das taças que se exaltava a festividade, deixando a alegria marcada de vermelho em forma de lábios no cristal. Era o som dos cantares nas tabernas que derramavam notas de cheiro a vinho maduro. Eram as brincadeiras das crianças no recreio da escola. Os operários na hora de almoço. Era o tudo que cantava a vida enquanto no campo se apanhava o sustento. Eram as famílias inteiras junto com as outras famílias e ainda quem viesse. Eram os caminhos dos animais férteis e das árvores, e dos rios e do mar. Era a cidade em poema, declamada por poetas. Era o fado, as toiradas e as sardinhas assadas. Era a Lezíria, os cavalos e as vinhas. Era o Douro a escorregar na garganta, puro. Eram tempos onde o relógio esperava a festa e deixava a hora da lua para mais tarde, enquanto se sentia alegria, enquanto se sentia o sol, até este adormecer.

Como vão os poetas cantar os dias de hoje?



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