terça-feira, 14 de setembro de 2010

Zeca Afonso


Sabes Zeca

O olhar com que sonhavas o mundo
Ainda não brilha

A voz que deixaste nas nossas vidas
Já não ecoa

Dói-me o choro de uma mãe
Que desespera pelo abraço do filho
Perdido pela droga

Dói-me o silêncio daquela mulher
Que se esconde do olhar de um marido
Que a maltrata

Sabes ZECA, devias voltar…

Hoje, em tudo se encontra
Pedaços de injustiça que magoam
Pedaços de vida que amargam
Quantas cantigas, gritaste?
Quantos pedidos, fizeste?

Poemas estilhaçados que se perderam

Volta ZECA
Volta com o cantar de um infinito
Que mexe, que incomoda…
Pois já não há pão
Não há emprego
Não há razão

O cântico é de lamúria
A voz já não tem espaço para cair
O grito da revolta afundou-se
Em mar de desespero arregaçado

As ribeiras ainda choram
Os rios não voltaram a passar
Os olhos não secaram
Mas contigo,
Voltamos a cantar…

7 comentários:

Maria disse...

Voltamos a cantar, sempre...
(e eu volto a chorar...)

Beijinhos, com cravos Vermelhos!

BorboletaDistraída disse...

Muito bonito. Como sempre e em tudo o que escreves.
Tão verdadeiro que até doi.

Beijos

Nilson Barcelli disse...

Um belo poema cara amiga. "Serviste-te" do Zeca Afonso para transmitir a tua mensagem, simultaneamente de desencanto (quase tudo) e de esperança (os dois versos finais).
Gostei imenso.
Boa semana, beijos.

José Manuel Brazão disse...

Um poema muito original sobre Abril e evocando uma figura inesquecível!

Beijo com carinho

Márcio Beckman disse...

Cantar é importante, ajuda-nos a transformar as tragédias diárias e encará-las melhor, ao invés de se entregar ao profundo desespero.

escarlate.due disse...

o Zeca teria adorado ler-te e tu terias adorado conhecê-lo...





obrigada!!!!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

tão comovente, tão belo.

um beij